A-LUZ-SINA-AÇÕES
e o cachecol enrolado no pescoço do mundo
foi tecido com o novelo de lã-mina das letras da paz?
ou foi forca trançada com as silabas da globalização?
no Sec.21 ,entre os verbos conviver e corromper
existe um milimetro de abismo que é o homem
e em época escura & de dia escuro é que espirra rebel-dia.
a nuvem ativa as elétricas amígdalas
e fala de raios e chuviscos e cospe relâmpagos .
mas não bastava enxergar essa luz ou soletrar em voz fosforescente
as palavras lampião ou va-ga-lu-me
no pé do ouvido do superlativo escuridíssimo.
era preciso apalpar a luz ,roer a luz ou até sentir-se luz.
se somarmos minha energia com a sua energia
inauguraríamos usinas mais astrais e de energia mais positiva
que todas as termoelétricas, eletro nucleares e hidroelétricas da América latina.
o planeta , um pivete de boné verde terra e camisa azul marítimo desbotada
deitado sobre as marquises da Via Láctea .
seu ronco é que colori o espaço
mas quem aí e aqui que ergue o braço?
são doze cometas de ossos flexíveis na costela ,constelação
de vértebras que o sustenta.
que tenta abrir a fivela do cinturão de Orion
para que as estrelas estejam livres e nuas
para acompanha-lo até a rua.
enquanto na praça,
uma cega ouve tudo em azul marítimo,azul petróleo e cinza cidade,
um mudo alucinado estupra a palavra grito
e uma raça piolhenta que vive na pena da pomba
remanescente da Arca desconfia que Noé lançou foi é uma bomba
e que o Diluvio explode todos os dias dentro dos nossos olhos.
com gravidade e com gravidez
as vezes somos cidadãos engravidados por um falo
com um formato de mundo.
as vezes nos engravidamos dos nosso próprios anseios.
sobreviver na rotina é ejaculação e ovulação.
mas deixar de estar entusiasmado,
perder a vontade ou a coragem de agir
isto é um aborto mediante um
chute na barriga.
cotidianamente a palavra,
(principalmente a palavra perseverança),
me submete a uma cesariana
usando um bisturi a base de talhadeira e marreta,
e retiram de dentro de mim
vários bebes prematuros e
cevados como bezerros que chegam com tanto afinco
para subverter o abate diário.
minhas contrações de parto emitem um som macabro
ao soletrar o substantivo coragem,
e o planeta logo sente pavor.
mastigo o cordal umbilical
de cada poema e de cada sentimento de motivação e esperança
que rompem a bolsa fetal berrando
pois logo eles irão desmamar
assim que avistarem a divinização lacto das ruas
porque o século ,
éguas no cio trotando dentro de uma quitinete,
tem pressa,quer seguir adiante
tanto que antes quase socou meu útero
quando eu ainda me encontrava gestante.
adaptado na aridez entre o remanso e o catastrófico,
diante da doença que é a distração
torno minha aptidão para suportar a fadiga
em um poço artesiano.