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um poema que oxigena o sangue
nascido do trabalho de parto das plantas
sedativo entorpecente alucinógeno
proteína que se nutre a cada dia
cilindro de oxigênio
no meio da massoterapia
e das lâminas da serralheria.
até porque, toda manhã,
um labrador espreita ao lado da cama,
como um drone
focaliza a região da panturrilha
só aguardando alguém despertar.
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procuro um poema
que equilibre o fluxo energético do corpo
acupuntura erva medicinal
acasalamento de libélulas.
poema que a nado borboleta
atravesse a cachoeira
e o cano da escopeta.
pois a mandíbula do hipopótamo e do rinoceronte
está sempre escancarada e voltada
para nossas tíbias e vértebras.
que cada palavra do poema
tenha na leveza
o gosto estilhaçado do caco de vidro
e na conturbação
tenha o sabor sossegado do lilas
como um campo magnético
que num abraço
te isola contra a radiação.
Rio
MMXV séc XXI