29 de abr. de 2015

Dois poemas inéditos


TONIFICANDO A MUSCULATURA  DA PALAVRA


Todas as manhãs somos arremessados delicadamente
com técnica de amansador de cavalo árabe
no corredor de um abatedouro clandestino.
?onde a cabra que pastava nos meus sonhos
?onde o leitão que bacorejava no meu curral
?onde o boi que mugia no meu cocho.
tontura e zonzeira jambo vendo a humanidade pendurada naquele gancho.
Bastante verde coentro bastante  verde rúcula
esverdear enquanto alecrins
esverdeado enquanto agrião
para tolerar a bosta o esgoto a foça a caganeira a disenteria
que tentam despejar no meu riacho.

e prosseguimos com a proteína que a gente  nutre a cada segundo
filhote de vaga-lume conquistando o neon de suas luzes;
roxo   amarelo que a cada minuto
vai abraçando seu ipê;
 chacrona que a cada manhã
segue assumindo a enxurrada de cores brilhantes na haste e na folhagem.

retornar a missa de beatificação de Rosa Egipciana, Nhá Chica e da palavra Ânimo
pois somos
roças longínquas
hectares de mata atlântica distantes
alqueires sonhando - se lavouras .

O mágico Barjesus  prega  aqui na ilha de Parfos
e revisto  - me  com a cartilagem dos ossos dos ombros de Simão de Cirene
para não sentir a cabeça  triturada dentro desta brusca betoneira
que é a digestão de uma baleia
que possui a mesma largura dos nossos dias.
Aqui trafega – se pelo spa e pela madeireira num átimo.
Racha todas as vidraçarias e marmorarias quando ele passa.
e um sentimento do tamanho de um crocodilo quer morder a região da pélvis.
A palavra pretende ser o  encanamento que estoura.
 cabrito que desaleita e logo se aquieta na vastidão do pasto
e regurgita a modulação do berro.


Se lacta  da via láctea .

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DE IMPLOSÃO ESTRELAR IRIDESCENTE NA PUPA


  certas ocasiões
ocasionando queimaduras e irritações na pele da gente
que só depois  se sente o alívio de um assopro.
É a cálida calma da taturana caminhando na palma  da mão.

ânimo nestes dias
deixam as  artérias
como  fios de alta tensão desencapados.
Quando demolem meu teto com chutes e tapas
nuvens carregadas chegam para  ensinar - me  a relampejar.

Quando o mundo,
ferro de martelo e de  marreta, despenca no pé do meu verbo caminhar
vejo - me  entre o rosnado de gatas siamesas na laje
e o rompimento das comportas e adutoras da usina hidrelétrica.

Mas
a tranquilidade do besouro pardo que vinca
o estresse acinzentado e o trânsito da  rotina
torce contorce a carótida deste barulho baço
que nos envolve  
                       como cidade
                       como aço polvo tentáculos
                      como abraço.

  massagens aiurvédicas ao invés de socos arranhões e pontapés
no reboco da quitinete do corpo
( este manicômio que acolhe anjo )