29 de mai. de 2017

Utensílios de Resiliência e Flutuabilidade, Selo Editorial Poesia Primata, 2017, no prelo

implodir um quarteirão inteiro com todos os bujões de gás
                                              que domestiquei no cérebro
tento deixar minhas sensações e articulações musculares
dentro do hangar de um dirigível
no estômago de uma libélula
diluídos e dinamizados na potência infinita da homeopatia
os neurônios os neurônios
meninas marginais que atravessam de boné, em sentido contrário,
                                                                                       a procissão
                                                                                         e o velório
em estado ininterrupto divergente
locomove-se por topografias e geografias nada dóceis
vértice sinuosidade
fluido como uma tubulação hidráulica que estoura
deita no chão suando bastante e olha o céu por horas
depois da aplicação de um fármaco natural
em estado de rua
não aquela rua como via de passagem
mas de convivência possibilidades território de persistências
corpo empapuçado de radioatividades e elétrons lilases
arquitetura muscular
que não se aflige com desbarrancamento
deixa contaminar-se
entra em ebulição e purgação constantemente
depois de enrijecidos os ossos das mãos e das pernas
pôde transitar com mais fluidez ainda
por alvenarias e trajetos nada maleáveis
tinha noção que, se não gritasse, faria parte dos gonçalves dias
                                                         e das marias da conceição
                     agonizando nesses naufrágios e nessas fogueiras
tratou de desmamar seu anhangá seu ogun seus asteroides e suas magias  

                                                                                 urgentemente.

17 de jan. de 2017

Mais um poema inédito + desenho da Barbara


homeopata dinamizando trauma com arnica.
faquireza enfrentando este confinamento que é a rotina.
como galhos de manjericão sendo macerados pelas mãos do mundo.

estar entre a permanência e os acontecimentos de água.
ou um satélite subúrbio, sucata espacial em órbita por aí.

nos dias de hoje não basta apenas estar vivo
é preciso
ombros rígidos
ginasta de argolas
babuíno na selva de tungstênio.

já que
todo sistema nervoso coube dentro
de uma instalação da Jana Sterback,
de um poema da Stela do Patrocínio,
de uma caixa de barbitúricos da Alejandra Pizarnik.

os grafites e escrituras rupestres nas
paredes dos órgãos respiratórios demonstram que
estamos entusiasmados e, ainda, em estado de condutibilidade.

como uma gata, andamos
por entre os cacos de vidro sobre o muro
percebendo que o apego pela transposição
é o mesmo apego pelas rachaduras e fissuras
de onde deságuam luminosidades.

bioarquitetura de ossos, insistências e inquietações
que não se acanha com abalos e tremores de placas tectônicas.

como uma amiga que se defende de um assédio 
com a faca
de um açougueiro na mão e um poema na outra.



6 de jan. de 2017

Galáxia Pupila, Editora Urutau

[] Livros + adesivos []

disponível no catálogo da Editora Urutau - www.editoriaurutau.com.br 
ou
via email - 
matheus.poema@gmail.com

7 de dez. de 2016

dois inéditos


bailado do meu feitio de santo daime,          
minha fórmula mágica,                            
ladeira de pedra que acolhe                    
minha procissão do rosário,
fogueira do meu ritual indígena,                       
água que ferve meu peiote,                 
pequena haste de chacrona                     
que abriga milhões de luzes e cores,
onde o soldador no fundo do túnel
recita claridade num mundo escuro;
a que reveste a lombar deste carpete   
que foi massageado por um contêiner                  
que despencou do içador.                 

cotidianamente aproxima-se de
algo que atue como um desinfetante,
- alecrim, camomila, canela -
a que remove todos estes odores de soco,                       
diarreia, disenteria e silêncio.

a homeopatia que sana um organismo.
                 simila similibus curantur.
veneno de cobra que cura picada de cobra.
o poema que
explode esta indústria petroquímica
instalada na beira de um rio.

crio entusiasmados palhaços de folia de reis
para distraírem
os pittbulls de aço galvanizado
que rastreiam
pacientemente
a região da carótida e da medula.   

na barricada na praça de guerra
duas lésbicas negras e gordas
se abraçam e se beijam

é com espanto que se cura um espantado.

o dia em que garcia lorca conhece salvador dali.









ferramentas metalúrgicas
são usadas
em procedimentos cirúrgicos no joelho.
o ortopedista que trata o tornozelo                        
com maquinário de construção civil
                                    é o mundo.
o azul dele não é menos azul que o daquele,
o oxigênio daquele não é mais úmido que o do outro,
e o diagnóstico de ambas as partes
segue constatando osteoporose
                        no verbo abraçar.
é como se a vida
furiosamente
estraçalhasse um laptop e um smarthphone
                                                     na parede.
ás vezes se nina com os braços
um relâmpago, uma enchente
ou um filhote de lontra            
afim de contemplar                                       
o que está na altura de um legume           
e nos metrôs de uma constelação.

a fonte de deslocamentos e espelhamentos
é quando
a colisão discute com o estofado,
o abacate temporão teima,
a alteridade pare conexões
e a larva profana o casulo
                  com decolagens.

também uso como proteína
o canto da lavadeira, o assobio da auxiliar de limpeza
e o abraço da tetraplégica noiva da gorda garçonete.
pois
entre inês de roma e febrônio,
entre catarina de siena e alfonsini storni,
entre o spa e a catarse,
entre o yoga e a hecatombe,
entre o pasto e a perturbação
                      sobre-vivemos


25 de nov. de 2016

I poemas na galáxia pupila I Editora Urutau, 2016 I

Lançado dia 17 de novembro, na Lapa/Rio, via Editora Urutau, meu novo volume de poemas; são 28 possibilidades de transito.
 Surrealismo na linha tênue urbano x roça.
Prefácio da Raquel Gaio e comentário de orelha da Liv Lagerblad. Capa de Wladimir Vaz. Revisão de Sergio Biscalde. Editores Tiago Rendeli, Ana Penteado.



pedidos;
www.editoraurutau.com.br
matheusjuze@gmai.com

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16 de out. de 2016

Editora Urutau libera a capa do Galáxia Pupila - Lançamento em Novembro




Poemas Na Galáxia Pupila é o título do novo volume de poemas do autor mineiro que será lançado meados de novembro deste 2016. A capa já foi liberada para o publico e vem com a assinatura do designer gráfico da Editora Urutau, o Wladimir Vaz.
São 28 poemas inéditos, ou também, 28 possibilidades de transitar por espaços e lugares com relevos diversos, estranhos e com uma carga alta de electromagnetismo e teimosia. Prefácio vem assinado pela poeta/performance Raquel Gaio; e os comentários de orelha vem assinado pela poeta/artista plastica Liv Lagerblad.



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24 de ago. de 2016

2 poemas inéditos

Em outubro será parido, através da Editora Urutau, meu novo volume de poemas inéditos, intitulado Galáxia Pupila. Enquanto isso, leveza, respiração, Minas Geraes e dois poemas exclusivos acompanhados dos desenhos da querida artista Renata Ragazzo
(entredobras.com.br)




e os dias, este porco do pantanal                    
arruando pelo quintal,                       
depredando a aorta,                     
pisoteando as rúculas                      
e mordendo a maçã do rosto                          

como se bicasse um hímen                             
ou mastigasse um galpão de zinco.

de um lado se ouve                                    
os dentes de aço do garfo                 
deslizando pela barriga fumê de um vitral;
do outro lado do cérebro                                 
é como se uma água de pia         
escorresse no rosto pela manhã.
mas uma capivara desnutrida, zonza    
escora no canto superior do cérebro          
e atinge este poema;
                            criado mudo sendo arrastado
                            de madrugada.

a sensação de ver um pavão alçar voo,
o besouro romper a pupa,
a égua parir seu potro no pasto,
a polinização das plantas,
a mendiga dizendo um bom dia
e o beijo entre dois meninos gays negros
te estica por dentro
cem anos luz
adentro de si mesmo.

foco no confeiteiro que manuseia o açúcar e o glacê
mesmo com tanta amargura e acidez ao seu derredor.

tende a ser uma usina de produção de êxtases,
dentro de uma outra engrenagem,
porém enferma e, ainda por algum tempo, azul.

medir-se na mesma altura do solo,
e não ser degradado
por um coquetel de agrotóxicos.
composto por um corpo
com o fêmur e o córtex que couberam perfeitamente
dentro de uma alucinação e de um entusiasmo
                                                                           da silvia plath.













procurando quem soletre perfeitamente               
o superlativo sossegadíssimo  
sentado no meio do mapa-múndi.

a tela de led lcd
    versus
a constelação de capricórnio
disputam quem abocanhará
nosso globo ocular.

patos, cabritos, frangos, pacas
e porcos são abatidos ilegalmente
dentro do nosso cérebro cotidianamente.

certas relações
faz-nos faquiresas confinadas dentro de alguns sentimentos.
noutros a sensação de um
relincho no pasto durante a madrugada
ou instigada máquina de solda no fundo escuro da oficina.

e sempre procuramos uma botica na enfermidade.
e teimamos movediços e escoados no engessamento.

mesmo distraídos, subúrbios distantes,
precisando de bastante bosta de gado
                                    para adubar-nos,
cada centímetro desses vasos sanguíneos ;
com todas as glândulas deste corpo,
mesmo diante desta afobação
                          cinza-metálica,
podem inaugurar usinas com energia
                    mais positiva e radioativa
                 que todas as termoelétricas,
                                       eletronucleares
                   e hidroelétricas.

saber agir com
sinuosidades

no plano linear.

6 de jul. de 2016

Oficina Experimental de Poesia - Zona da Mata

eram pra ser dois módulos, estamos no quarto. =)



poesia é proteína !

Cartaz - Juliana Furtado - 

16 de mai. de 2016

Traduções da guatemalteca Ana María Rodas

Eu e a Carolina, a Turboli, trabalhamos num perfil e traduções de poemas da autora de
POEMAS DE LA IZQUIERDA ERÓTICA - 1974

O material esta disponivel no site literário HOMOLITERATUS

(clique aqui)
http://homoliteratus.com/os-poemas-da-esquerda-erotica-de-ana-maria-rodas/


"A Rainha de Sabá
teria dado a metade de sua terra
para ter estas garras."